SALA DE ESPELHO

Por Raphael Dias Nunes

Ironia do Destino
Uma saída, duas pautas, três publicações

Série B do Estadual do Rio - Em quem confiar?

Sábado, 8 de novembro de 2008
Mais uma vez fui escalado para o segundo escalão do Futebol BR/ RJ. Desta vez, subi da Série C do Brasileirão para a Segundona do Estadual do Rio, que é disputada no segundo semestre do ano. A partida na ocasião, foi entre Olaria x Aperibeense, válido pela primeira rodada do returno do quadrangular final do citado campeonato.

Era o 4º jogo da fase final. Os dois melhores colocados sobem para para o Campeonato Carioca 2009 . Na disputa, estão 4 times: Aperibeense, Bangu, Olaria e Tigres.

Olaria x Aperibeense, no estádio Giules de Coutinho (Édson Passos). O jogo era válido pela 4ª rodada. Na ocasião, O Tigres liderava com 7 pontos, seguido de Aperibeense (6), Bangu (3) e Olaria (0). É válido prestar atenção nesta classificação, antes do término da quarta rodada. A outra pauta era entrevistar toda a delegação do Aperibeense, o que me fez ir para Xerém e conhecer o presidente, técnico e alguns jogadores da equipe. Mas isso eu deixarei para comentar depois...

A partida que vi e cobri terminou sob o placar de 2 a 1 para o Olaria. A Assessoria de Imprensa da Federação de Futebol do Rio - presidida por Rubens Lopes, o Rubinho - me informou que a renda do jogo foi de R$ 700, de um público pagante de 200 pessoas. Tudo redondinho, bonitinho...

Porém, o jogo foi uma das coisas mais vergonhosas que pude ver (ao vivo) em toda a minha vida. Sem gandulas e apenas com duas bolas em campo, a arbitragem teve um desempenho completamente sinistro.
No primeiro tempo, o jogador Wágner, do Aperibeense rebateu uma bola com o joelho dentro da área e o juíz Leonardo Garcia Cavaleiro assinalou pênalti para o Olaria. Na cobrança, o goleiro aperibeense Zé Romário defendeu, sem se adiantar, mas o auxiliar mandou repetir a cobrança. Na segunda vez, o atacante do time da Leopoldina, Uiliam, converteu: 1 a 0.

O primeiro tempo da partida terminou em 2 a 1 para o Olaria. Entretanto, os lances mais medonhos estariam por vir na segunda etapa: Dois pênaltis não marcados para a equibe de Aperibé. O primeiro foi aos 20 minutos, quando o zagueiro do Olaria "defendeu" uma bola no primeiro pau, jogando-a para escanteio. Aos 47 minutos, o escândalo maior: outro pênalti claríssimo para o Aperibeense, onde eu, na beira do campo, pude ouvir o barulho da pancada dada dentro da grande área. O árbitro estava de frente para o lance e ignorou descaradamente aquilo que seria uma óbvia penalidade máxima.

Revolta geral no fim da partida, tumulto, jogadores cercando o árbitro, que saiu correndo, escoltado pela polícia. Toda essa indignação ainda tinha um detalhe enfatizante.
Todos sabem que o presidente Rubinho é torcedor do Bangu. E o resultado da partida favorecia o seu time de coração, que assumiu a lideraça, após vencer o Tigres, em outro jogo também polêmico... Ou seja, deu tudo certo para o Bangu nesta quarta rodada... com uma baita "ajudinha" da arbitragem. A coisa ficou bem nítida, naquele momento.

Entrei correndo no gramado e consegui entrevistar (com apenas um papel e caneta em mãos) o técnico Índio, do Aperibeense, inconformado. O goleiro e vice-presidente Zé Romário também estava revoltado. Logo após isso, vi um dirigente do Olaria falando sobre a arbitragem:

- O Aperibeense foi prejudicado sim. E na quarta feira, seremos nós - reconheceu, referindo-se ao próximo jogo do Olaria, que seria contra o Bangu, (que acabou vencendo, sob o placar de 2 a 1).
Gostei da frase e resolvi anotá-la também. Peguei seu nome às pressas e vi que ele se chamava Abel Coutinho e era diretor de futebol do clube. Logicamente, eu iria publicar aquilo.

Voltando para a redação do Lance!, escrevi e assinei uma matéria de uma página, comentando sobre a polêmica arbitragem, que interferira no resultado do jogo. A reportagem, que levou o título de Polêmico Returno foi às bancas no domingo, 9 de novembro de 2008.

Minha primeira matéria impressa. Muito feliz, apesar do trabalho desgastante, que me custou todo o sábado.

Pois bem, terça-feira, 11 de novembro, nosso ilustríssimo Renato Maurício Prado, em sua coluna do jornal O Globo, resolve comentar sobre a série B do Estadual do Rio, citando a mesma frase de Abel Coutinho, de minha matéria:

" - O Aperibeense foi prejudicado, sim. E na quarta-feira seremos nós - admitiu e preconizou em entrevista ao repórter Raphael Dias Nunes do 'Lance!'. " , escreveu o colunista.

Logo quem? Logo ele, tão criticado e provocado por mim - inclusive aqui em O CHORUME - Renato Maurício Prado resolveu utilizar-se de minhas fontes e colocou meu nome no jornal de maior circulação do país. Ironia do destino? Pode ser. Apesar de eu criticar excessivamente a sua nítida preferência editoria pelo time que torce (o Flamengo), devo admitir que "copio" e uso como modelo o padrão de sua coluna, que é dinâmica, crítica e bem-humorada. Portanto, achei interessantíssimo. Uma ironia do destino. Quase uma lição.

A notícia me pegou de surpresa. Não esperava que a minha primeira matéria impressa pudesse ter tanta repercussão. Mas ao mesmo tempo quis MUITO isso, pois fiquei completamente indignado com o que vi no jogo de sábado.

Resolvi escrever um e-mail para o Renato.
Segue abaixo, na íntegra, minha mensagem e a resposta dele.
Quem tiver paciência para ler, que vá em frente:

"

De: Raphael Nunes [mailto:raphaelnunes@lancenet.com.br]
Enviada: qua 12/11/2008 20:17
Para: Renato Prado - Colunista - Infoglobo
Assunto: Coluna de ontem

Caro Renato,

Li a sua coluna de ontem e vi que você citou a minha reportagem sobre a
arbitragem do jogo Olaria x Aperibeense. Posso afirmar que foi algo
bastante estranho ocorrido, digno de uma investigação mais aprofundada
sobre o que está acontecendo entre a FERJ e a arbitragem.
Simultaneamente com esse polêmico jogo citado, houve também o jogo entre
Tigres 0 x 1 Bangu, que você citou que este jogo se desenrolou "sem
graves erros de arbitragem".

Como eu estava na cobertura do outro jogo, não pude realmente ver com
meus olhos o que houve no jogo do Bangu. Mas, não foi bem isso que meus
amigos da Rádio Fluminense e Rádio Band disseram após o final das duas
partidas... Houve muita polêmica TAMBÉM no jogo do Bangu e os jogadores
do Tigres Cercaram o juíz logo após o apito final.
O site do Sidney Rezende também cita isso, confira em:
http://www.sidneyrezende.com/noticia/22263+bangu+vence+o+tigres+por+1+a+0+em+mais+um+jogo+polemico

Felizmente, os jogos da rodada de hoje terminaram sem nenhm problema
quanto à arbitragem. Era de se esperar, pois o estardalhaço seria grande
demais, caso houvesse mais um escândalo.
Agora, é esperar a última rodada de sábado, para ver quem serão os
classificados para a série A do estadual. Com a vitória de hoje por 2 a
1 sobre o Olaria, o Bangu praticamente assegurou a sua vaga.

Bom, é isso. Vamos ficar de olho.

Abraços,

Raphael Dias Nunes
Repórter - Revista A+ / LANCE!

De:	rprado@oglobo.com.br
Data:	Qua, Novembro 12, 2008 9:34 pm
Para:	raphaelnunes@lancenet.com.br

É, Raphael, infelizmente, o Caixa D´Água morreu, mas seus médotos e discípulos
continuam bem vivos...
Abração   

"

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Após tudo isso, a arbitragem começou a chamar mais a minha atenção, sobre a influência de uma partida. Sobre a influência em um campeonato. Eu já desconfiava, mas achava que poderia ser bobeira de minha cabeça. Mas essa coisa me fez abrir um pouco mais o olho para este detalhe... E confesso que me choquei ao ver descaradamente a verdade, que todos vêem mas não querem enxergar. Choca mesmo. Difícil até de explicar.

O que há com esses senhores do apito, estariam realmente despreparados ao ponto de não assinalar um pênalti tão claro?
Quem estaria por trás deles?
Há mesmo algum interesse oculto por trás dessa questão?
Como é dada essa suposta transação macabra?

Ainda hei de (pelo menos tentar) descobrir.

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Em breve, meus comentários sobre a influência da arbitragem na Série A do Brasileirão.
E a minha segunda pauta, que responde a pergunta-título "Em quem confiar?" .

Para quem teve a santa paciência de me acompanhar até aqui, deixo o meu MUITO OBRIGADO.

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Saudações Chorumélicas!